Sobre quando a esperança falha

Não é sempre que estamos disposto a viver! Há dias que desejamos morrer. Não é sempre que queremos conversar com as pessoas. Há dias em que todos os nossos motivos de alegria parecem fugir e se esconder de nós mesmos. Às vezes, a esperança falha e o medo e a apreensão tomam conta do nosso coração, a ponto de nos levar a duvidar da alegria da vida e das razões de existir. Por mais que olhemos para fora de nós mesmos e insistamos em buscar forças em algum lugar, tudo isso parece distante demais e sem sentido. Você corre para um lado e para o outro e não vê uma saída razoável que tenha o mínimo de valor. Suas tentativas são inúteis de fazer com que as coisas andem, ao menos um pouco. Você perdeu o emprego, não consegue pagar as contas básicas, sua família está desestruturada, porque o seu cônjuge dá mais atenção ao celular do que a você, seu pai doente e seus filhos não se importam com isso. Aliás, eles exigem o tempo todo coisas que você não tem mais condições de oferecer a eles. Você não os disciplinou quando mais novos, ensinando-os a ouvir “não” quando fosse necessário. Agora, eles não têm limites e envergonham você diante das pessoas, frustram suas expectativas passadas de ter filhos obedientes e respeitosos. Seu marido está sentado no sofá há mais de duas horas passando o dedo na tela do smartphone. Você suspeita que tenha algo estranho, porque toda vez que se aproxima ele muda a tela ou desvia o aparelho de seu foco. No dia seguinte, você tenta sair um pouco para buscar refrigério, convida uma amiga da igreja para ir com você ao parque conversar um pouco, mas ela não lhe dá atenção. Diz que não pode ir porque tem coisas de casa para fazer. Você sente os sintomas da ansiedade em seu peito: aperto, sufocamento, dor. Seus músculos pulsam, como se larvas estivessem caminhando por eles. Sua boca seca. Sua cabeça explode. Essa sensação é mais comum do que você imagina. Você já não dorme mais. No máximo, duas horas por noite. Sua vida se escorre por entre as lacunas dos dias sem sentido algum. Pessoas são preenchidas por um sentimento de derrota, de fracasso e, não poucas vezes, o desânimo pode nos levar a transtornos de ansiedade, síndromes perturbadoras, à depressão profunda e, em casos mais graves, ao suicídio. O suicídio é, em muitos casos, segundo especialistas, uma fuga aos desafios que a vida impõe. É o desejo de viver pulsante e a desesperança de não se saber como. A pessoa teme o futuro e, então, se entrega à dor interna e, finalmente, à morte. Não é simples. Há relatos tenebrosos sobre esse sentimento de morte. O Rei Davi escreveu assim: “As cordas da morte me envolveram, as angústias do inferno vieram sobre mim; aflição e tristeza me dominaram.” (Salmo 116.3). É terrível, mas é possível sermos dominados por angústias de morte. Davi disse que, no pânico, ele desacreditou de pessoas (Salmo 116.11). Desacreditar de pessoas é um dos sintomas de perda de esperança. Você não vê mais a possibilidade do bem e da bondade. Tudo é mal e destrutivo. A esperança se entrega ao pavor da perda. Devemos perceber os primeiros sinais de desânimo e de desesperança nos cercando. E, ao vê-los, é preciso estabelecer limites e não permitir que a depressão nos derrube. Permita-me sugerir alguns hábitos para que você lute contra a desesperança: 1. Durma bem: não perca noites de sono. Durma de 7 a 8 horas por noite. Evite trocar a noite pelo dia e tente repousar num ambiente escuro e silencioso. O descanso é bênção de Deus. Deus nos ensinou que descansar faz parte de seu estilo de vida (Gênesis 2.2: “E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito”). É importante perceber que o estilo de vida cristão leva em consideração pelo menos três aspectos quanto ao trabalho/descanso: a) Deus terminou o que havia começado. Terminar o que começamos é um ingrediente importante para nossa motivação. Deixar as coisas pelo caminho sem terminá-las traz frustração; b) Deus estabeleceu o “dia do descanso”. Na cosmovisão cristã, é o domingo. Quando você trabalha todos os dias da semana e não descansa no domingo, você terá prejuízos. O domingo é o dia de contemplarmos as obras de Deus por nós com alegria e devoção em nossos corações; c) Deus descansou de “toda obra”. Não fique cultivando problemas enquanto descansa. O descanso é para descansar mesmo. Parar tudo e experimentar um tempo de “não fazer nada”. Vou dar outros conselhos agora. Serei mais breve e direto: 2. Alimente-se com moderação: coma o suficiente. Evite sempre o exagero. Não deixe de se alimentar nem coma excessivamente. Prefira frutas e verduras (Leia Daniel 1.8-16 e observe com atenção sua dieta saudável). Beba bastante água – pelo menos 2 litros por dia; 3. Conviva com pessoas alegres: “as más conversações corrompem os bons costumes” (1 Coríntios 15.33) – conviver com gente negativa traz desesperança; gente alegre nos joga para cima! Evite pessoas que só reclamam das coisas, que vivem murmurando, que causam contendas e confusões (Filipenses 2.14). Essas pessoas trazem o mal para você; 4. Tire alguns minutos do dia para falar com Deus. A oração nos fortalece, porque nos faz estar mais próximos de Deus e acalma o nosso coração e sempre retira de nós a ansiedade (1 Pedro 5.6-10). Humilhe-se na presença do Senhor. Converse seriamente com ele. Não esconda nada dele. Você não pode se esconder mesmo, mas Deus quer que nos mostremos escancaradamente. Ele quer que revelemos nossa carência e dependência total dele (Marcos 5.21-43). Não dê desculpas. Todos nós temos tempo para o que consideramos importante; 5. Leia a Bíblia: cultive o bom hábito de ler e meditar nas Escrituras. Mas não seja mecânico – aquelas leituras para cumprir tabelas. Confesso que não gosto nem um pouco daquelas “leituras em um ano”. Em minha opinião, aquelas tabelas servem mais para que as pessoas se tornem soberbas por terem lido mais do que outras. Ler muito não significa ler com profundidade. Aliás, eu penso exatamente o contrário: ler com qualidade é ler poucas porções, e só sair delas quando aquele sentido de verdade do texto estiver impregnado no coração. Então, leia poucos versículos e invista a maior parte do tempo na meditação acerca do trecho lido. Que sejam dois ou três versículos por dia, mas que sejam pensados, analisados e, principalmente, postos em prática. Busque relacionar o que você leu com o que você está vivendo. Por exemplo: você pode ler o trecho da mulher que tinha a hemorragia por 12 anos e tocou as vestes de Jesus. Curiosamente, a filhinha de Jairo tinha 12 anos de idade e estava à morte. Jesus curou ambas: doze anos de sofrimento e doze anos de vida. Você pode pensar algumas coisas a partir disso: não importa sua idade nem o tempo de seu sofrimento, Jesus Cristo é poderoso para cuidar de você, quer seja novo, velho, quer sofra por doze anos ou mais. Pense em como você pode “tocar as vestes de Jesus”. Você não pode tocar concretamente hoje, mas pelo poder da fé por meio da oração você pode. Orar é tocar nas vestes de Jesus. Por último: 6. Leia, também, bons livros. A leitura amplia nosso mundo e limpa as lentes de nossos óculos para vermos mais nitidamente ao nosso redor. Você pode fazer uma lista de bons livros. Há excelentes indicações. Ao final desse livro vou colocar algumas de minha preferência. De tudo o que eu disse, frise isso: não se deixe abater pelo desânimo. Ele virá. Não tente negá-lo. Ele faz parte da falência humana, por causa do pecado. O pecado mata a esperança. Mas a nossa esperança não está colocada nisso (1 Coríntios 15.19: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a essa vida somos os mais infelizes de todos os homens”). Quando a esperança falhar, procure ajuda e fortaleça-se na verdadeira esperança!

Comentários

Lucimar Cangussu disse…
Excelente texto!!! Uma reflexão verdadeira de sentimentos reais que acontecem ,conselhos pertinentes e valiosos, Parabéns!!!
Gosto muito dos seus textos!
Anônimo disse…
Que delícia de reflexão....refrigério para a alma.
Lucimar Cangussu disse…
Ótimo texto!!!muito pertinente e verdadeiro,muitas vezes e assim mesmo que nos sentimos.
Obrigada pela clareza na explanação do assunto e conselhos...muito edificante como todos os seus textos.

Quão afável e acolhedoras palavras. Verdadeiro e com incrível receita para viver melhor.
No contexto atual deparamos com pessoas estressadas, correndo atrás do vento, com pânicos diversos e que apesar de muito terem não tem nada.
Certamente se trata daquilo que Salomão falou: vaidade, vaidade, vaidade.